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quarta-feira, 5 de maio de 2010


Fantástica entrevista com
Duda Falcão


Primeiramente gostaria de agradecer publicamente ao Duda Falcão pela gentileza e humildade em responder à esta entrevista .
Muito obrigado amigo Duda
William Rubira

Duda Falcão é professor universitário. Leciona na ULBRA/RS no curso de História. Tem especialização em Literatura Brasileira, em Educação a Distância e está em processo de conclusão do Mestrado em Educação na linha dos Estudos Culturais. Atualmente, além de lecionar, busca construir uma carreira de escritor. Tem participado de antologias relacionadas ao universo da Literatura Fantástica, entre elas, pode-se citar: Draculea, Invasão, Marcas na Parede, No Mundo dos Cavaleiros e dos Dragões, Metamorfose – A Fúria dos Lobisomens, Pacto de Monstros, Solarium II, Grimoire dos Vampiros, Poe 200 Anos, entre outras. Disponibiliza seus textos gratuitamente em seus blogs Museu do Terror e Hylana nas Terras de Lhu.



1- E aí Duda,antes de mais nada me fale quando foi que começou seu amor pelas artes?

Quando penso na palavra arte me surge uma ideia ampla de algo que está relacionado com imagem, texto e som. Creio que o cinema e as histórias em quadrinhos foram o meu primeiro contato com as artes durante a infância. E, desse contato, realmente posso dizer que cultivo amor. Amor, no sentido de que gosto de modelar aos meus caprichos, textos de determinadas ordens que se encaixam principalmente no formato de contos. Quanto às imagens e ao som apenas contemplo, é verdade que enveredei durante um tempo pelos caminhos da música ainda na adolescência e início da fase adulta. Porém, não passou de uma brincadeira, não estudei, nem me dediquei o suficiente para me tornar um profissional nessa área.

2- Quais foram suas influências nesta época?

Lembro de alguns filmes que marcaram minha infância. Ir ao cinema era programa de domingo. Marquei em minha memória a feiura e a malvadeza da bruxa, a madrasta da Branca de Neve; o amor singelo entre A Dama e o Vagabundo; a parceria e a valentia de Bernardo e Bianca. Walt Disney se fez presente na vida de muitas crianças da minha geração. Além dos desenhos animados, quando cresci um pouquinho, he, he, tenho bem forte na lembrança filmes tais como A História Sem Fim, Labirinto, A lenda e Star Wars, quando ainda podíamos chamá-lo de Guerra nas Estrelas.
Meu pai comprava revistas em quadrinhos e as colocava na minha mão antes mesmo que eu soubesse ler. No início foram as revistas com os personagens da Disney. Quando me desinteressei pelas aventuras dos patos animados, ingressei direto no universo Marvel. Fiquei literalmente viciado no Homem-Aranha, nos outros heróis e vilões: Quarteto Fantástico, Ron, Kull, Kazar, X-Men, Thor, Os Vingadores, Demolidor, Homem-de-Ferro, Duende Verde, Dr. Estranho, Conan, entre outros.

Desde então comecei a criar as minhas histórias. Mas não eram narradas por meio de texto, eram ilustradas. Tentava aprender a desenhar todos esses heróis e colocá-los em quadrinhos. Nunca fiz nada completo, he, he, mas me divertia muito dedicando várias horas do meu dia nesse processo.

Aos 12 anos um dos meus textos, uma narrativa de aventura, foi lido pela professora de português em sala de aula para os outros colegas e exposta na biblioteca da escola. Essa foi minha primeira história com início, meio e fim, ainda tenho guardada em algum lugar aqui em casa... Isso foi um elemento positivo no meu interesse pela leitura e um incentivo que manteve constante a vontade de criar minhas próprias “coisas”.

Vampiros e outros monstros sempre exerceram fascínio sobre minha imaginação. Eu assistia a filmes de terror acompanhado do meu pai, ou melhor, eu é que o acompanhava quando conseguia ficar acordado. Os filmes da Hammer eram meus preferidos, acreditem eu realmente tinha medo do Cristopher Lee, hoje gosto de rever os filmes para me divertir.

Creio que esses filmes e personagens dos quadrinhos ainda hoje me influenciam, mesmo que de forma inconsciente.


3- Você consegue se lembrar qual foi o primeiro livro que leu, por vontade própria(digo por vontade própria por que vários de escola éramos obrigados) e que a partir daquele momento decidiu que não pararia mais?
Na casa da minha avó paterna moravam meus primos que tinham uma estante repleta de livros e entre eles uma coleção do Monteiro Lobato. O primeiro livro que li do início ao fim foi Emília e os doze trabalhos de Hércules. Achei fantástico e devorei mais alguns da coleção.

A partir disso, ia algumas vezes, durante o intervalo da aula, na biblioteca da minha escola. Gostava de ir para lá, era um lugar sossegado. Entrei em contato com alguns livros de mistério e aventura, não me lembro exatamente quais eram e nem saberia dizer o nome dos autores. Gostava de folhear as obras, transitar pelas poucas estantes da biblioteca e ler algumas páginas sem maior compromisso.

Durante a infância e até o início da adolescência comprar livros, ao menos para mim, aqui em Porto Alegre, significa ter de esperar pela Feira do Livro ou pela visita mensal dos vendedores do Círculo do Livro.

Comprei com o meu próprio dinheiro (economia de “mesadas”) o livro do Bram Stoker, Drácula. Eu tinha 14 anos na época. Foi escolha minha, não houve censura lá em casa. Consumi o livro assim que chegou às minhas mãos. Tive a impressão de que tinha investido minha verba na coisa certa.

A partir daí comecei a pegar livros emprestados da minha Tia, ela gostava muito de uma coleção chamada Mestres do Horror e da Fantasia, embarquei nessa viagem e não parei mais. Um dos primeiros que li da coleção foi Eu sou a lenda do Richard Mateson e As quatro estações do Stephen King.

4- Fale um pouco sobre a literatura fantástica, e quando começou a escrever seus contos. De onde vem inspiração? Para este estilo que hoje está tão em evidência?

Quando comecei a escrever? É uma história longa, he, he. Pedi uma máquina de escrever para o meu pai. Eu devia ter uns 13 ou 14 anos. Realmente incomodei, queria mesmo ganhar o presente. Recordo que a primeira história que escrevi foi minha tia que datilografou. Na máquina tive a oportunidade de escrever algumas páginas de terror e ficção científica, ao menos eu achava que se encaixavam nessa classificação. Eram, na verdade, muito mais narrativas de aventura caracterizadas por ação constante.

Aos 15 anos a música começou a dividir espaço com a literatura e acabou se tornando mais importante durante alguns anos. Nesse período escrevia alguns versos para que se encaixassem nas músicas que tocava com os amigos. Joguei tudo no lixo. Realmente meus versos não eram bons, e como poderiam ser se eu não lia poesia? Sempre gostei de prosa.

Somente em 2005 resolvi escrever pra valer, comecei a fazer oficina literária com um escritor de contos policiais conhecido e renomado aqui no sul: Taylor Diniz.

Escrevi uma aventura para participar de um concurso literário infanto-juvenil na Casa de Cultura Mario Quintana. Foram enviadas mais de 200 obras para o concurso, participaram escritores de todo o Brasil e também do exterior. Fiquei colocado entre os dez primeiros. Infelizmente não fui o vencedor. No entanto, isso foi gratificante, pois percebi que alguma coisa eu devia estar fazendo certo. Continuei a investir meu tempo na escrita, mas sem me dedicar de maneira integral. Esse livro ainda é inédito, não enviei para nenhuma editora, pois sou muito desorganizado, e não consigo revisá-lo da maneira apropriada, he, he. Trata-se de uma aventura de terror. È o máximo que posso revelar por enquanto. 

Sobre a Literatura Fantástica sou fã desde que me caíram nas mãos livros com conteúdo de narrativas de horror e aquelas que oscilam entre o real e a loucura. Ainda me pergunto: o que é exatamente a Literatura Fantástica? Creio que seja marcada por narrativas de terror, ficção científica e fantasia. Classificar é um assunto polêmico... Porém, posso dizer que sou fã de carteirinha de alguns escritores, que alguns classificam nessa corrente, tais como: Edgar Alan Poe, Stephen King, H. P. Lovecraft, Robert E. Howard, Michael Moorcock, Ray Bradbury, Tolkien e Neil Gaiman. Felizmente, creio que essa lista será ampliada com alguns autores nacionais, vivemos um momento interessante para a literatura em nosso país nesse segmento literário.

Creio que a Literatura Fantástica esteja muito em evidência em função do cinema, principalmente americano, e a constante importância que damos a autores de língua estrangeira nesse segmento. Nosso país sempre teve uma literatura mais marcada pelo realismo e quando alguns escritores arriscavam na área do fantástico não tinham o devido reconhecimento do seu trabalho. Talvez, agora, as coisas mudem um pouco, em função do novo suporte que temos para divulgar nossos textos, a Internet. De uma certa forma, a Internet nos permitiu divulgar nosso trabalho de escrita sem a necessidade de passar por um editor. No entanto, não podemos nos iludir que o novo suporte será suficiente para proporcionar a liberdade total dos novos escritores. Ainda, em nosso tempo, o livro impresso produz uma aura sagrada sobre a sociedade escrita.

Vale dizer que o autor, por si só, não tem condições de mudar um sistema cultural, e nesse sistema cultural da escrita, temos outros agentes de fundamental importância. São eles os editores, os leitores e os críticos literários. Se a produção da escrita dos autores se voltar para esse segmento do fantástico, como temos visto com os nossos próprios olhos, é necessário que editoras queiram editar os textos, é necessário que existam críticos que tenham interesse em criticar e leitores que tenham interesse em ler. É um sistema cíclico, em que um depende do outro.

Sobre inspiração, acredito que venha constituída de uma bagagem cultural. Ou seja, tudo aquilo nos forma como sujeitos, nossa vivência, nossas leituras, nossas discussões, nossa visão crítica sobre a sociedade em que estamos inseridos. O que inspira são as paixões que nos movem. Creio que aí voltamos a questão do amor às artes...

5- Falemos um pouco de música, quais são suas bandas prediletas?
Há alguma relação com seus trabalhos literários?

Desde pequeno eu escutava aos domingos Led Zeppelin e Jimi Hendrix com meu pai. Sempre gostei muito de escutar guitarras pesadas. Nessa lista, além do Led Zeppelin incluo Black Sabbath e Iron Maiden, sem dúvida minhas preferidas. Vale citar ainda o grande trabalho do Joe Satriani. De alguma forma, creio que exista relação do meu trabalho de escrita fantástica com guitarras distorcidas, baixos graves, baterias vibrantes e vocais arrastados, capas de discos, títulos e letras de música principalmente do Maiden e do Sabbath.

6- Porto Alegre é um celeiro de artistas de primeira grandeza, mas que por questões políticas não são muito divulgados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, de onde vem esta (anti) cultura?
Pra falar a verdade não sei se são questões políticas, talvez sejam de ordem econômica que se associam a questões práticas. Nosso país possui um território continental, e devido a esse fato creio que acabam se criando grupos regionais para facilitar organização e distribuição de obras. Com a divulgação mais intensa dos trabalhos, com a utilização da Internet, percebo que certas barreiras podem ser rompidas, mesmo assim, o sistema não mudará radicalmente.

7- Poderia citar alguns dos artistas mais importantes de Porto Alegre?

Na área da literatura fantástica, especificamente, eu desconheço, mas isso não significa que não exista. Tenho a impressão de que se eu procurar direito vou encontrar...
Gosto de uma coleção intitulada Ficção de Polpa, aqui de Porto Alegre, e nela já li alguns contos muito bons – a maioria deles de novos autores.
Temos nomes de primeira grandeza na literatura do nosso estado, como por exemplo, Luiz Antonio de Assis Brasil, o Professor Fischer, Taylor Diniz e Luis Fernando Veríssimo.

8- O que anda rolando por aí nestes últimos tempos?
O trabalho em sala de aula me toma muito do tempo em que eu poderia participar de alguns eventos. Por exemplo, sei que no início de Abril rolou exibição de filmes fantásticos com a temática sobre vampiros. Infelizmente perdi essa movimentação cultural.
No mês de maio, eu, César Alcázar e Luiz Ehlers estaremos realizando uma sessão de autógrafos para promover a antologia No mundo dos cavaleiros e dos dragões organizada pelo Ademir Pascale. Nós três participamos com nossos contos em mais essa boa antologia que foi lançada em Abril, na cidade de São Paulo.

9- Quais são seus projetos para 2010?

Por enquanto, penso em continuar participando de antologias. Contos curtos permitem que me dedique aos textos literários mesmo estando em fase final da minha dissertação de mestrado. Assim que eu terminar esse compromisso acadêmico, pretendo me dedicar finalmente a um livro solo. Mas, sem pressa, prefiro fazer um bom trabalho.
Tenho um Projeto Literário na manga em associação com outro escritor, amigo aqui de Porto Alegre, mas ainda é segredo...

10- Algum para a cidade de São Paulo??(espero que sim)

Certamente que São Paulo estará incluída no Projeto Literário referenciado acima, te avisarei em primeira mão quando puder revelar do que se trata. 

Um livro que não pode ficar sem ser lido? Frankenstein – Mary Shelley – Criou um dos maiores e mais importantes mitos modernos.

Uma música ? Heartbreaker – Led Zeppelin – guitarra fantástica, eu escutava aos domingos de manhã quando ainda era criança.

Um filme? Star Wars – Darth Vader é um grande vilão, isso valoriza o herói (Luke Skywalker).
Puxa! Uma escolha para cada item é pouco, he, he. Teria uma lista enorme para cada pergunta. Essas foram minhas eleitas do momento, talvez reflitam o meu estado de espírito atual, he, he, não sei...

O que você poderia deixar de mensagem para aqueles que estão apenas começando no mundo da arte?(seja ela qual for)

Acima de tudo persistência e estudo. Conheça a arte que você deseja seguir. Equilibre teoria e prática. Teoria sem prática não lhe servirá de nada e prática sem teoria não o levará a voos muito altos. É claro que para toda regra existe exceção, mas a maioria de nós se insere na regra.


Duda Falcão
para William Rubira Cirino

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